Sobre Sensei Pezão

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Rio, 27 de Maio de 2012

Dentre várias situações das quais me recordo bem, uma hoje me vem à mente como um ótimo exemplo de quem era meu Sensei.

O ano é 1999. Estávamos no Colégio Visconde de Cairu, local onde eu dava aula. Além de Sensei Pezão, estava também presente meu companheiro de treino e amigo pessoal Eugênio (conhecido por muitos do Karate como "Mudinho"). Faixa preta rápido e muito técnico e ótimo amigo.

Neste dia Pezão foi ao Cairu para aplicar o que seria o 1° exame de faixa do colégio. Prestando esse exame, além de figuras memoráveis como Erivaldo (Peri) e o "cara-de-pau" Alexander, estava minha amada esposa Yemna Villaça, nesta ocasião ainda faixa branca.




O Exame foi ótimo, aquele nervosismo normal de todos os alunos e todos aprovados e devidamente elogiados pelo Sensei.

O detalhe a que chamo atenção com essa lembrança, foi ao final do exame, Sensei Pezão se vira pra nós (Eu, Mudinho e Yemna): "O que vocês vão fazer agora?"

- Nada Pezão - respondi.

- "Então vou levar vocês pra conhecer um dos lugares mais bonitos do Rio de janeiro".

Colocou a todos nós em seu carro e lá fomos nós, saindo do Méier em pleno sábado, em direção à Vista Chinesa.

Treinamos Kata até não aguentarmos mais (rsrs) e tiramos muitas e muitas fotos (sem contar que viramos meio que atração turística no lugar né rsrs Tinha uns turistas japoneses no dia e tiraram várias fotos nossas treinando).

Enfim.. uma lembrança 'boba', sem muita filosofia pra contar, mas que guardo com muito carinho como exemplo do sujeito que tive como mestre. Já retornamos à Vista Chinesa algumas vezes, mas nenhuma delas tem o mesmo valor que essa primeira, com certeza.

Oss!

 

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. Relato do amigo Bryan Sheneider

(Outubro-2010)

"lembrei dessa rs
uma certa vez após algum tempo de treino o sansei pezão virou para nós que estávamos treinando e disse: façam uma fila e nós sem questionarmos fizemos a fila (coluna) e ele parou em frente a fila e disse para o primeiro da fila: desfira um guiaku zuki na altura do meu abdomen, o primeiro da fila era o luciano, e ele todo sem graça desferiu o golpe devagar e sem potência. o sansei pezão deu um grito com ele e disse:
bata direito karateca se eu disse para bater, bata, gire o quadril quero ver o impacto e todos quando foram desferir o golpe pela primeira vez levaram o mesmo esporro todos pois ficamos sem graça, mas na seguinte ordem desferimos os golpes luciano, daniel, bryan e davi, batíamos forte mas o sansei não demonstrava dor e dizia bata, bata. quando todos terminamos ele pediu para que ficássemos em coluna novamente e disse preparados? agora é a minha vez olhamos uns para a cara dos outros assustados e ele disse: brincadeira e começou a rir rsrssrsr  "

 

ele sempre soube a hora de levar o treinamento a sério, mas também sempre soube a hora de brincar com seus alunos sem perder o foco da aula. Tratava todos igualmente sempre. No começo ele veio com um jeito caxias que pensamos que seria um professor chato,carrancudo.afinal ele também nao nos conhecia então primeiro tinha de avaliar com quem poderia brincar ou não e passar o espírito da disciplina do karate, mas logo mudamos o conceito sobre ele de um extremo a outro e aquelas aulas que consideravamos chatas na primeira semana por gostarmos e estarmos acostumados com a aula do nosso professor marcel se tornaram aulas maravilhosas e descobrimos que nosso sansei nos tinha deixado nas mãos de alguém que realmente entendia, sabia, tinha a disciplina, a didática e que seria a mesma coisa do nosso sansei ali, companheiro amigo. com o passar do tempo firmamos uma amizade incrível que não imaginávamos de forma alguma acontecer, falávamos de nossas vidas pessoais e etc"

 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 
Daniel:
" Po, a competição no meier, onde saímos eu, carlos, bryan e davi, no meio da competição, pra empurrar o carro dele que não tava pegando (os 4 de kimono) rsrs.  
 

Davi:

"essa é facil..

depois do treino.. todo mundo cansado.. 'quem quiser ficar fica..vamo la.. tira a parte de cima do kimono.


 
treino de porradaria' :D hahahaha

muito engraçado.. (assistir pq o daniel nunca deixou eu participar ¬¬'' )

tem vaárias coisas do treino do Sensei Pezão que eu lembro, mais algumas foram as que mais marcaram, por exemplo. A vontade que ele tinha de ver os katas que eu e o Carlos inventavamos (coisa que n faz parte do treino , mais sabe como é , crianças rs.. ) ... o "walking the wall" ahaha o Kata que tinha que na metade dele tinham 3 passos na parede correndo e virando cambalhota em seguida.

os treinos eram bons, nunca faltou tecnica e acima de tudo, ele sempre tratou a todos da mesma forma, não só como alunos , e sim como uma familia.

pois na minha opinião , n existe motivação melhor do que essa.

acho que isso é uma coisa que vai ficar na minha memória pra sempre. :)

só existe uma palavra que define isso tudo o que eu escrevi .. FAMILIA!

 

 

 

 
 

 

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Hoje, conversando com os alunos após o treino, pude relembrar um dos momentos em que mais aprendi karate em minha vida.

Pezão sempre teve por hábito, colocar sua TV e seu vídeo dentro do carro e levar pro Dojo. Normalmente fazia isso num dia marcado especialmente para aprendermos um novo Kata e/ou o Bunkai (aplicação) de um ou mais Kata.

Só que teve um dia q foi especial. É que ao invés de marcar com os alunos, ele marcou com seus colegas faixas pretas. Lembro-me como se fosse hoje: Wellington, Pessanha, Paulo Max, Gustavo, Nelson e tantos outros, ali reunidos, acompanhando o vídeo de Nakayama, para que todos aprendessem juntos algum Kata (foi nesse dia que descobri a existência do Gojushiho-Dai).

Enquanto isso, eu e mais uns poucos alunos abaixo de preta, tínhamos permissão de ficar ali sentados observando (quietinhos, pra não atrapalhar, claro). E levantar pra tentar fazer nem pensar (rsrs).

Só sei que nessa "brincadeira", pude aprender o que é uma troca verdadeira de conhecimento, sem egos exacerbados, sem vaidades bobas do tipo: "Eu sou mais graduado". Não! Isso simplesmente não existia. Somente amigos aprendendo juntos, "de igual pra igual" - como dizia Sensei Pezão.

Mais do que aprender Katas superiores, eu pude aprender realmente o que é ser humilde, como é bom aprender com os amigos e a alegria que isso proporciona. Talvez por isso mesmo, não consigo mais abrir mão, hoje em dia, de nossos aulões, treinos e eventos em geral.

 

Como falei pra Isabela hoje: "O Karate é só a desculpa perfeita. O importante mesmo é estarmos juntos".

Mais uma vez, obrigado Sensei. Oss!!

 

 

Abril / 2010
O próximo depoimento é do grande amigo Fúlvio Maia, companheiro de tantos treinamentos. O que divido com vcs agora, foi postado em 2006 na comunidade "Pezão Karate Shotokan", criada pelo próprio Fúlvio:
 
Mawashi
Qualquer treinamento do Sensei Pezão era especial, mesmo porque muito ele literalmente inventava ou adaptava de outros que estudava vendo seus VHS e passeando os dedos pelos livros.
Contudo, já que tenho muito o que dizer sobre ele, e como Marcel citou TREINO, vou mencionar aqui um pelo qual me sinto honrado de ter sido aluno dele.
Era eu um karateca até a Faixa verde, muito "verde" literalmente, no que se resumia a Kumitê, fraco, desanimado e com medo de lutar, seja com que fosse.
Quando ouvia seu Dedo apontando para mim e dizendo "sobe Samurai" já entrava derrotado. Derrotado por minha propria incapacidade de achar algo em mim que pudesse ser forte o suficiente para que eu visse uma saida e dai tirasse minha determinação perante o adversário.
Certo dia, quando fazia algumas vezes, Pezão dispensou a turma em geral e manteve apenas os últimos graduados, do qual eu era um deles. E fez, como mencionado pelo Marceu, seu famoso treino, "bate em mim, com força"
Com suas mãos para trás, e raramente, dando tapinhas provocativos eu meus ombros, dizia "entra só de Oizuki" completava "solta esses braços", e em seguida parava. Então veio uma nova ordem: Entra usando só Gueri, com ambas as pernas. e depois de uma sequencia de muitos mawashi, ushiro, mae e tudo que eu pude fazer, parou novamente e deu outra ordem: Entre de Mawashi somente com a direita. Solte-a com vontade.

Bem, depois de eu ter soltado alguns dos chutes mais intensos que já pude dar em alguém, ele parou definitivamente e disse: Você achou seu ponto forte, não tema mais entrar na luta. Use isso que vc tem de melhor, e aprimore o resto.

Deste dia em diante, kumitê pra mim nunca mais foi o mesmo. Me sentia confiante, sabendo de meu ataque que funcionava e dele pude ir aprimorando outros, gradativamente.

Pezão nunca desistia de seus alunos, sabia como me sentia perante um adversário e me fez progredir sem nunca ter tocado no assunto antes.

Ele tinha orgulho de cada um.

OSS!
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Oss!
Minha recordação tem um misto de tristeza e satisfação (tipo: missão cumprida);

Trata-se do dia do enterro de meu Sensei, Claudinier (Pezão).

Tristeza por questões óbvias, pela falta de este ser humano faria a cada um dos presentes ali...

Missão cumprida, satisfação, pois pela primeira vez em minha vida, vi um enterro onde ao invés de terno e gravata ou roupa social, a grande maioria estava de Karate-Gi; Foi algo realmente marcante e muito bonito. O próprio Sensei foi enterrado devidamente, também de "kimono", pois a família entendeu que alguém que viveu intensamente por esta arte não pod
eria estar vestido de forma diferente.

Foi emocionante, lembrando um pouco aquelas cerimônias feitas por militares...

Carregamos o caixão e ao colocá-lo no local onde seria enterrado, após algumas palavras de um dos familiares, Todos realizamos um cumprimento, que nunca em minha vida teve tanto significado quanto aquele...(basta dizer que neste momento estou emocionado de novo...só de lembrar).

Obrigado a todos  por me proporcionarem uma chance de dividir esse momento tão marcante em minha vida, com vocês. Até porque ao transcrever nossa lembrança, repassamos tudo em detalhes e é como se estivéssemos repetindo aquela emoção...

 


 

Deus te abençoe Sensei! OSS!

 

-------------------------------------------------------------------------------"ATRAVESSANDO A FORTALEZA

Num dia chuvoso como o de hoje (terça feira - 22/04/08), eu me perguntava se deveria ir treinar ou não - na verdade no dia chovia muito mais que hoje...(rsrs)

Resolvi encarar a chuva e fui treinar. Na época o treino era dentro de um CIEP no bairro Campinho, perto do 28ª DP. "Peguei" o ônibus e fui.

Ao chegar ao Dojo, todo "ensopado" claro, eis que me deparo com uma situação inédita para mim: O Dojo estava vazio, com excessão de Sensei Pezão e sua esposa.

De início confesso que fiquei meio sem graça...só eu de aluno (molhado da cabeça aos pés..rsrs). Mas logo, Sensei numa atitude de muita generosidade (que a cada dia que passa dou mais valor), perguntou-me:

_ E aí? Vai treinar ou não?

E claro, sempre com aquele sorriso habitual e bem característico dele, de quem estava sempre pronto para começar (confesso que até hoje me espelho muito nele quando a preguiça ou o desânimo tentam se instalar).

Pois então, começou como um treino normal (com diferença que eu tinha toda a atenção do Sensei), com aquecimento (Polichinelos, alongamento, flexão de braços, abdominais, etc), Kihon (com direito a muita correção) e aí ele aproveitou que eu estava só e propôs de começar mais cedo o Kata (normalmente fazíamos antes o kihon-Ipon ou Jiu-Ipon e ainda algum exercício específico).

 

Então comecei: Heian-Shodan (2x)
Heian Nidan (2x)
* Sempre uma vez contada com correções e depois uma sem contagem, no ritmo do Kata. E por aí foi:
Heian-Sandan (2x)
Heian-Yondan (2x)
Heian-Godan (2x)
Tekki-Shodan (2x)

Pensei (em meio ao cansaço): "Bom, agora acabou..."(eu só sabia fazer até o Tekki-Shodan).

Então Sensei Pezão bradou: _ Bassai-Dai!

Fiquei pálido! "Como assim Bassai-Dai?" - Pensei.

_ Eu ainda não comecei a aprender Pezão... - Falei pra ele.


Com aquele mesmo sorriso ele respondeu:
_ Então vai aprender hoje.

Eu estava num misto de felicidade e medo (lembrando que eu estava com uns 14 para 15 aninhos..rsrsrs).

Respirei fundo, cumprimentei e falei em alto e bom som, pela primeira (e inesquecível) vez:_Bassai-Dai!

Pezão se colocou a meu lado e serviu de guia pra mim (coisa que não acontecia numa aula normal, pois sempre tinha um graduado para fazer esse papel).

"Resumo da Ópera": Mais de uma hora fazendo e refazendo a seqüência do Bassai-Dai.

Como podem perceber, um dia muito marcante pra mim e que divido com vocês como forma de homenagear meu Sensei. Como ele gostava de dizer:

_Oss Samurai! "

 

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"O Meu é o Sensei Claudinier (Pezão), falecido em 29 de setembro de 2005; Como falei em outro tópico - era praticamente um pai pra mim; era aquele cara que não se dava por satisfeito simplesmente em nos ver bem tecnicamente; quantas e quantas vezes acabava o treino e o gava todo mundo pra casa dele pra assistir algum vídeo do Nakaiama, ou de algum campeonato mundial; Com certeza foi o cara que me ajudou a pensar no Karate como um Modo de vida; se eu conseguir passar pros meus alunos metade do que